Por aqui o banco de sangue tenta ser autónomo: a cada doente
que dá entrada pedimos para que todos os seus acompanhantes (e geralmente são
uns quantos) doem sangue para o banco. Fazemos "Blood Drive" uma vez
por mês e assim nos vamos mantendo. Quando falta um tipo de sangue podemos
contactar uma ONG local que pode tê-lo, mas nem sempre somos bem sucedidos
tendo dias de luta intensa para encontrar aquela unidade que precisamos. Eu
própria doei sangue para um doente A- que estava a ser operado e para quem não
conseguíamos arranjar unidades compatíveis e hoje um dos seguranças ofereceu-se
para doar já que faltava uma unidade O- para um doente nos intensivos…
É importante acrescentar que o sangue doado não é separado o
que implica que todos os seus componentes fiquem no saco. Desta forma, se o
sangue for doado na hora, podemos ter a certeza que o doente vai receber não só
o componente eritrocitário (as unidades que habitualmente utilizamos em
Portugal) mas também o plasma e restantes elementos. Resultado? :) Hoje, numa
hemoglobina de 6.3 que fez uma unidade de sangue tivemos um resultado
pós-transfusão de 8.2... :) (o que é bem simpático, para quem não percebe
destas coisas)
A sensação de doar sangue para um doente que conhecemos ou,
por outra perspectiva, que vai ser utilizado já porque não há mais, faz-nos
sentir muito confortáveis connosco mesmo… Percebemos que realmente as pessoas
fazem a diferença e que podemos mesmo salvar vidas… Da forma mais literal que
se possa imaginar…
Com este post pretendo 1) redimir-me por, até há algumas
semanas, me ter mantido preguiçosamente por casa à espera que alguém doasse por
mim e 2) ilustrar como no Paquistão as pessoas são disponíveis e cooperantes.
Há alguns dias, após uma explosão numa vila, um indivíduo veio ao hospital com
alguns feridos e quando percebeu a importância de doar sangue alugou um
autocarro e voltou à vila encaminhando ao hospital 23 pessoas prontinha a doar…
Não é incrível??
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