sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Paquistão: mês e meio depois

Depois dos primeiros dias de novidades e surpresas a cada canto, cá estou a comemorar o primeiro quarto de missão completo.
Começo agora a sentir-me mais integrada na equipa do Hospital onde começo a estar mais autónoma, embora mantenha que cada dia é um desafio. Para facilitar as coisas começo a sentir-me mais confortável com a equipa de expatriados que por cá habita, sendo que em minha casa estão dois suiços com quem sabe muito bem fazer um "debriefing" do dia que passou.

Desde ontem chegou a minha malinha com comida portuguesa e sou novamente uma mulher completa: não preciso de cozinhar o arroz horripilante que por cá se vende, já tenho o meu leitinho com chocolate e um bacalhau para cozinhar com natas para o meu aniversário que se aproxima... eh eh eh... Claro que na mala vinha também uma boa quantidade de chouriços, morcelas e farinheira juntamente com o porquinho assador que me vai trazer boas noites de petiscada... :) (pena que por cá não haja broa)

Embora a vida em Peshawar seja calma (estamos rodeados por medidas de segurança), é fácil sentirmo-nos um pouquinho claustrofóbicos uma vez que pouco mais podemos fazer do que percorrer o caminho casa-hospital com o motorista. Para reverter esse sentimento posso sair de Pesh cada 3 semanas (para fins-de-semana de 2 ou 4 dias) podendo ver alguma coisa do que o país tem para oferecer aos raros turistas que se aventuram (e que inexplorado está o turismo por aqui, com tanto de bom para mostrar)...

Quanto ao que me trouxe cá: trauma de guerra a torto e a direito, tecidos a descoberto que eu desconhecia existirem e formas de lesão que parecem impossíveis... Tudo somado traz uma vontade imensa de, a cada dia, ver coisas novas. Surpreendente por cá é mesmo a forma como as pessoas chegam: sem qualquer apoio de pré-hospitalar, cada um lá arranja forma de vir ao hospital para ter tratamento, em condições que em Portugal arrepiariam qualquer um... :)

Quanto à comida (e tenho recebido várias questões neste âmbito): almoço na cafetaria do ICRC - só para expatriados, portanto com comida +/- internacional - e janto por casa cozinhando eu mesma ou em casa de colegas que lá vão convidando. Há dois dias um espanhol de outra sub-delegação do comité veio visitar o centro ortopédico de Peshawar e lá foi convidado para um jantar onde ele mesmo deveria cozinhar... Gazpacho e tortillha que me souberam a europa como há várias semanas nada me sabia... :)

A foto que junto hoje é uma foto oficial do ICRC que foi tirada no hospital, numa das minhas rondas pelas enfermarias... :) A criança com quem estou é um dos poucos doentes que fala qualquer coisa de inglês e está sempre bem disposto embora tenha chegado ao hospital com uma ferida numa perna que acabou por provocar uma osteomielite crónica (infecção no osso) e no último ano ele passou mais tempo internado do que em casa... :(

Por hoje tenho dito... :) Até breve, insh'allah.

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